Paramore é uma banda que tem envelhecido como um bom vinho. O último álbum, “This Is Why”, lançado em 10 de fevereiro de 2023, é a prova disso.
Bem me lembro de ter lido aleatoriamente, antes do lançamento e durante as especulações sobre o que seria esse novo álbum, que o guitarrista Taylor York estava ouvindo muito Foals.
Esse indício de um indie moderno e dinâmico, influenciado pela sonoridade do Foals, foi suficiente para me deixar com as expectativas altíssimas de que viria um álbum maduro e consolidado, mostrando que a banda se reinventa mantendo sua identidade.
As composições deste álbum exploram nossos sentimentos mais caóticos e ansiosos de um mundo cada vez mais difícil de se ajustar existencialmente.
Composto por 10 faixas meticulosamente estruturadas, destaco algumas que me marcaram. Entre essas, é praticamente impossível não se identificar com não se identificar com Running Out of Time, que reflete o sentimento rotineiro procrastinação das boas intenções, que nunca saem do planejamento diante da nossa propensão à inércia e angústia existencial (Intentions only get you so far / A harsh reality to discover).
C’est Comme Ça traz uma energia vibrante e irônica ao abordar o desconforto de buscar uma vida melhor para se livrar da apatia. A música explora a contínua dificuldade de escapar do caos, muitas vezes devido à nossa adaptação a ele (I still need a certain degree of disorder / I hate to admit getting better is boring).
Your First explora a noção de que todos carregamos em nós uma faceta vilã, cuja presença, acima de tudo, nos desgasta. Com a marca distintiva de uma talentosa compositora capricorniana, Hayley Williams transmite a inevitabilidade do karma para todos, mas de maneira perspicaz, sugere que prefere que este atinja você primeiro.
O álbum “This Is Why” está repleto de melodias envolventes, cujas letras refletem a dualidade presente em nossa sociedade: a tendência de sobrevalorizar virtudes e posicionamentos rasos e a camada sombria da imperfeição humana.