Confesso que provavelmente vai faltar bagagem cultural para eu conseguir escrever tudo que eu penso a respeito desse álbum. Marina Sena com certeza é uma artista que temos a obrigação de ficar atento nos seus lançamentos, porque é evidente o cuidado dela com os mínimos detalhes na produção de todos os seus discos.
A primeira faixa, que leva o nome do projeto, é uma das minhas maneiras favoritas de começar um álbum: com um som chique, mixagem etérea e clima de suspense. O título me deixou pensando se vem de uma canção do Milton Nascimento que diz “mensageiro natural de coisas naturais”.
Numa Ilha, que foi o primeiro single dessa coletânea de músicas românticas, me desperta um sentimento de que talvez não tenha sido a melhor escolha para nos apresentar o álbum, ao mesmo tempo que penso que talvez ela apenas não queria entregar todo o jogo de cara. Acredito que ainda é uma música boa, mas que se perde em alguns momentos com estrofes excessivas, sessões repetitivas e em alguns momentos, monótona.
Eu não queria falar de todas as músicas mas talvez seja difícil, em Desmistificar ela acelera a batida e nos presenteia com uma produção rica de detalhes, misturando axé, rock e pop contemporâneo. Destaque pro verso “vai melhorar seu paladar, só vai querer a minha”.
Acho que um dos pontos fortes da Marina é a sua voz, principalmente nos agudos, em Anjo ela explora ainda mais a variação dos seus vocais, enquanto serve um ritmo delicioso entre bossa nova, rock e MPB. É a visão perfeita da bagunça sonora que reflete na capa do disco.
Acabei lendo no Twitter algumas pessoas tecendo comentários negativos sobre Tokitô, mas quero dizer que sinceramente eu adorei essa faixa. A colaboração com Gaia e Nenny, é um pop latino com reggaeton e uma letra super divertida, dançante, e ainda com a roupagem moderna da cantora.
Sensei, uma das minhas favoritas, traz novamente um som etéreo e minimalista, como se estivéssemos dentro de um sonho melancólico. Fiquei arrepiado ouvindo pela primeira vez. Se tem uma coisa que eu tenho amado recentemente com certeza é Jazz, e é ótimo ver ele sendo incorporado em músicas pop. Obrigado Marina Sena por esse álbum, que te marca como uma das melhores artistas brasileiras dessa geração atual, seja levantando o astral com o baixo contagiante de Mágico, ou até mesmo criando hits de boteco misturando arrocha e MPB em Lua Cheia, Sena sabe o que quer e tem uma personalidade e voz única tornando-a cem por cento autêntica.
