Com 5 músicas ótimas, Daine apresenta uma mudança na direção criativa, deixando de
lado os sintetizadores do seu antigo estilo hyperpop para adotar guitarras no seu novo som
dramático e emo, culpa talvez do seu novo parceiro de trabalho Oli Sykes da banda Bring
Me The Horizon.
Na primeira faixa, When My Wings Are Cut Off, o cenário é agressivo e o som parece se
inspirar em músicas industriais, intercalando com momentos mais lentos porém cheios de
tristeza. É o tipo de música que eu ouviria em um dia em que estou me sentindo vazio,
principalmente pela letra ser sobre sobre uma relação onde ela não pode ser ela mesma e
acaba se sentindo limitada.
Em Eighteen, segunda faixa do trabalho e uma das minhas favoritas de toda a discografia,
a artista canta sobre um amor que nunca aconteceu, o seu arranjo é simples porém a
mixagem evoca elementos etéreos deixando a música com uma sensação de estar preso
dentro de um sonho. Os vocais angelicais ajudam a reforçar essa sensação, e a forma
como é cantada com certeza é uma das mudanças que eu mais gosto nessa sonoridade
nova. O órgão, no estilo igreja católica, no encerramento da canção traz uma finalização
sofisticada.
Prosseguindo para Fell Out of Heaven, a minha menos favorita nesse disco, carrega
alguns pontos que eu considerei interessantes, como seções de vocais com complemento
de coral, guitarras e baixos ganhando mais destaque, e também a estrutura das estrofes
com rimas ABCB, comumente presente em baladas, que favorece o tipo de canto utilizado.
I Want the Light to Swallow Me Whole, faixa que leva o título do mini álbum, tem uma
introdução fortemente tensa e sensível, conduzida por uma linha de baixo gostosa de ouvir.
Me imagino ouvindo-a em um dia chuvoso, em meio a tempestade, enquanto deixo para
trás alguma pessoa, lugar ou fase da vida. Destaque para transição genial no fim da faixa
para uma versão mais barulhenta e caótica.
Finalizando com Payphone, a cantora mantém a coesão puxando a atmosfera para um
teen pop rock que ouviríamos nos anos 2000 e afins. A música ganha uma nova camada na
ponte, com uma bateria dando um ar mais dançante a faixa, acredito que seja a melhor
parte dela.
Sendo seu terceiro EP eu espero de todo meu coração que Daine continue neste estilo
musical e se possível mantenha os mesmos produtores, preenchendo esse espaço e se
consagrando como uma princesinha da música emo australiana.
