Mês: Fevereiro

Ouça por sua conta em risco.
Não tenho nenhuma faixa favorita ou que eu ache minimamente interessante. Eu já não gostava do Slut Pop, esse segundo volume foi mais do que desnecessário, porque o trabalho se perde novamente na tentativa se ser transgressivo e inovador. Aliás, é o contrário, é massivamente entediante e bem mais do mesmo desde que Kim Petras encontrou sua zona de conforto e decidiu não fazer mais nada diferente, nem mesmo descontinuar a parceria com um certo produtor que não devo mencionar neste site.
Tudo bem que visualmente a temática sexual explicitamente apelativa faz nossos olhos brilharem porque é impossível virar pro lado e não dar uma espiadinha, mas o uso dessa linguagem vulgar é só mais uma tentativa desesperada de chocar do que uma expressão artística genuína, tornando a obra realmente mais vazia ainda, talvez um desastre.
As batidas repetitivas e previsíveis em todas as faixas tornam a experiência monótona e chata, porque não conseguem criar um impacto duradouro, e dentro de toda a temática que Kim nos apresenta, assim como na vida real, ser precoce é terrível.
Infelizmente esse álbum não vai ser esquecido tão cedo, assim como seu volume antecessor.

Faixas favoritas: Push It Down; Slippin Away; If I Don’t Laugh I’ll Cry; PMO; Worship; On and Off; Hater.
As letras e instrumentais do Digital Heartifacts são verdadeiramente excepcionais, principalmente para um álbum de estreia. L Devine conseguiu fazer uma abordagem que se assemelha com bedroom pop soar como uma grandiosa obra pop-rock com toques de eletrônica. Algo diferente do que ela fez em seus EPs anteriores, que eram bem pop e flertavam bastante com o hyperpop.
Poéticas e com significados, as letras adicionam camadas de profundidade às faixas e tornando a experiência mais enriquecedora com as narrativas mais introspectivas ao abordar sobre amor, autodescoberta e resiliência.
Na dedicatória aos ouvintes, Devine diz: “espero que [o álbum] lhe dê uma ideia de quem eu sou, como meu mundo soa e como penso e sinto. E espero que se torne uma trilha sonora e uma companhia para você nos momentos em que sua vida parecer igual”, e realmente, sinto esse álbum como algo que estará comigo em vários momentos, sempre que eu precisar.

Faixas favoritas: Burn; On Your Side; Beautiful Boy; Sinner; My Lady of Mercy; Portrait Of A Dead Girl; Nothing Matters; Mirror.
Prelude To Ecstasy é uma obra-prima musical que transcende as fronteiras do convencional. Li na internet algumas pessoas falarem que é uma banda formada por conveniência para um contrato com gravadora, talvez fossem só haters para desmerecerem mulheres que agora estão na indústria, e mesmo que seja, elas são muito boas no que fazem e há tempo eu não ouvia um álbum com uma fusão única de estilos e uma habilidade excepcional para criar essas atmosferas envolventes. Cada faixa desse álbum é uma jornada massa! Desde os arranjos que me lembram músicas folclóricas e medievais, até as letras profundas, reflexivas, críticas e desabafos, na verdade acho que as letras são tão mais importantes do que os arranjos nesse álbum.
Elas realmente demonstraram para o que vieram logo no álbum de estreia, e já era de se esperar desde o single de estreia, Nothing Matters, que tem sido a muito tempo meu hino para dirigir e gritar a letra com todos os meus pulmões. Se você nunca fez isso, recomendo.
Antes de finalizar essa rápida avaliação, quero destacar os versos iniciais de Beautiful Boy: “The best a boy can ever be is pretty / He launches ships on which he sails to safety / And what I’m feeling isn’t lust, it’s envy / He has the Earth, makes love to her to spite me”. Não tenho mais nada a acrescentar.
E sabe qual é o desfecho desse que não é apenas um álbum, é uma obra de arte sonora que merece ser apreciada e celebrada? O êxtase extremo e só melhora a cada novo play!

Faixas favoritas: Can’t Tame Her; On My Love; Ammunition; None Of These Guys; You Love Who You Love; Nothing; Venus.
A princesa do pop sueco entregou mais uma vez o puro suco do pop escandinavo carregado de sintetizadores que te fazem mexer, às vezes mesmo nem sem saber o porquê. O álbum pode ser bem previsível, mainstream e divertido. Ela repetiu a fórmula do pop perfection? Sim, e tá tudo bem, porque não é fácil ser uma popstar veterana na indústria. E tem aquele outro ditado que diz “não se mexe em time que está ganhando”, e olha que o time da Zara sempre foi dos bons, desde produtores estourados e compositores de mão cheia, e dessa fiquei impressionado ao ver a ficha técnica da obra e descobrir que metade do álbum foi produzido por Rick Nowels (Lana Del Rey, Marina, Lykke Li).
O álbum começa com a explosiva e provocativa Can’t Tame Her, um dance-pop com sintetizadores pulsantes e que mesmo assim a voz poderosa da Zara se destaca em meio à toda instrumentação energética. Mas a que mais se destacou para mim foi a faixa-título Venus, escrita por Violet Skies (que é uma cantora-compositora talentosíssima) e Rick Nowels, essa não é só uma das melhores do álbum como uma das melhores faixa-título que já ouvi. Essa acabou se salvando da maldição da faixa-título, o que não acontece com a maioria dos álbuns por aí.
Música pop pode muitas vezes soar genérica, mas a personalidade e presença da Zara está por toda a obra, então pode dar play mil vezes que você não vai se arrepender. Confia!

Faixas favoritas: Do Me A Favor; Brittany; Flicker Flicker; Queen Of LA; Female Role Model; Main Character Overture.
O que você pode esperar ouvindo esse álbum? A resposta curta é: uma mistura de Lana Del Rey e Melanie Martinez, mas com muitos sintetizadores altamente expressivos que soam como uma orquestra celestialmente cinematográfica.
Extremamente teatral e melancólica, as letras soam muito pessoais, como diálogos, e Grüme canta aparentemente sobre seu próprio desenvolvimento e crescimento, tendo sido uma atriz infantil na indústria de Hollywood. A música que abre o álbum, Child Actor, enfatiza os versos “Child actor, what’s the matter? They told you to smile”, “Child actor, don’t get fatter” e “Please don’t grow up, your youth makеs them feel the way that they want”.
Mas o álbum não fica somente nisso, ela explora também sobre a raiva e poder feminino, sexualidade e religião, que fica mais evidente nas faixas Garden Of Allah, Heaven e em Female Role Model com o verso “hallelujah” sendo repetido diversas vezes durante a composição.
Infelizmente não são todas as faixas que me atingiram positivamente, muito do tempo me senti entediado quando a vocalização de Grüme não atinge a potência necessária para reverberar com os sintetizadores e, às vezes, nem mesmo as letras entregam o sentimento ou emoção que precisavam e ficam descompassadas com a produção, como se faltasse confiança sobre sua própria história ou confiança sobre sua própria voz.
Certamente há momentos bons e entediantes, mas não há nada de muito grandioso.