Mês: Fevereiro

Faixas favoritas: Congratulations on Your Breakup; In The Body Of A Psycho; Rage Against The Night.
Não é um EP ruim, mas é um pop genérico. São músicas que soam feitas para o TikTok. As duas primeiras faixas destacadas acima são BOPs, mas todo o resto do registro soa sem muita originalidade e/ou autenticidade.

Faixas favoritas: Weird World; Girl With No Face; Off With Her Tits; Black Eye; You Slept On Me; Staying Power.
É um mundo estranho, mas ainda bem que temos Allie X nele para deixar as coisas realmente suportáveis e interessantes.
Há 10 anos atrás, Allie X surgiu na internet com seu single de estreia Catch, que instantaneamente impressionou todos e quando eu digo todos, eu realmente digo todos, inclusive pessoas grandonas da indústria tipo Katy Perry. E não é por menos, Alexandra Hughes sempre entregou conceito, coesão, performance e certamente bem mais do que 100% de si. Muita gente me achou e ainda me acha exagerado quando falo que Allie é a artista mais visionária, incomum, teatral e completa desde a estreia de Lady Gaga em 2007, e eu sempre vou reforçar esse pensamento porque estou fechado com ela e não solto a mão.
Com seu novo registro, Girl With No Face, Allie quebra todos os seus limites e se entrega de maneira como nunca vimos antes. Nos vemos no meio de seu caos, mas também na sua autodescoberta. Sua potência vocal arrepia atinge tons impossíveis para qualquer mero mortal, as letras brilham carregadas de suas verdades que podem soar desagradáveis a ouvidos mais sensíveis, produções impecáveis, guitarras e sintetizadores que extrapolam a estratosfera da realidade que só Allie e Das Kope (também conhecido como Jungle George) – seu parceiro de trabalho e vida – conseguem.
Weird World abre o álbum de forma polida e sarcástica, pronta para nos levar a essa outra dimensão explorada totalmente diferente dos trabalhos anteriores. Apesar de auto-desfiguração, auto-degradação e vulnerabilidades serem temas do álbum e estarem fortemente presentes e até literalmente quando ela empoderadamente grita “cortem-lhe as tetas” em Off With Her Tits, ou quando ela abraça a ideia de aceitar que a vida sempre vai te dar socos e só vai ser mais um olho roxo em Black Eye, Allie também toma o controle de sua persona de volta, o que dá para perceber quando o álbum foi quase todo escrito e produzido por ela, mas também quando ao mesmo tempo ela se desmonta e ostenta atrevidamente os versos “You could learn a thing or two / Then you’re gonna thank me / Say, ‘I never met a girl like you’” na faixa-título Girl With No Face.
Mais autentica do que nunca, cheia de si, e pode ser até meio clichê dizer que Allie ressurgiu das cinzas abraçando as sombras e sua luz própria, porque é sério, Girl With No Face é uma obra-prima contemporânea inventiva e nostálgica. Ao longo da última década, Allie conseguiu uma base de fãs sólida e fervorosa, mas é bizarro como ela ainda não ganhou o mundo como outras cantoras ganham da noite pro dia sem tanto esforço, mas eu ainda sonho com o dia que a veremos em outro patamar, afinal “truly dreams never die“, então aqui vai a pergunta que não quer calar: até quando as pessoas ainda vão continuar dormindo pra a Allie?

Faixas favoritas: Home Alone; The Princess; ooh; Anxious; Ex-Girlfriend; Toxic; My Day Off.
É incrível como Erika de Casier com sua voz suave, que chega a soar macia, consegue com produções sofisticadas e primorosas criar uma atmosfera calorosa, confortável e agradável, misturando tons melancólicos e sensuais durante todo o tempo de execução do Still. Poucas tem esse talento e Erika sabe como explorar o que tem dentro de si realmente da melhor maneira.

Faixas favoritas: What Happens Now?; Drown me; Austin; Even Cowboys Cry.
Como é bom ouvir um álbum country coeso do início ao fim. Em What Happens Now?, Dasha canta sobre seus sentimentos sobre relacionamentos amorosos com uma habilidade incrível de transmitir suas emoções de forma que mesmo sem nunca tenha vivido algo parecido você se identifica. Com letras que fluem de maneira fácil e melodias descomplicadas acompanhadas sempre do violão, você canta junto de primeira porque sente que sabe as letras de cór.
O ponto alto do álbum está igualmente presente em duas faixas: Drown Me, sobre uma sensação de resignação e aceitação de um ciclo de comportamento destrutivo em um relacionamento, e Austin, a história de um relacionamento que deveria levar a um novo começo em uma nova cidade, mas desde que promessas foram quebradas e a decepção e o abandono tomam conta pela forma forma abrupta e desconhecida por parte de seu amado, mesmo que Dasha saiba que pelo menos ela saí sendo a melhor dessa situação.
Relacionamentos, sonhos e promessas nem sempre saem como planejado, mas agora que estamos mais velhos, o que acontece agora?

Faixas favoritas: God in a Dress; How You Leave A Man; Bad Woman; Let It Ride; Eat Shit and Die; Hate When You’re Happy; I Am Enough.
Paloma Faith mais uma vez entrega uma obra-prima emocional que mergulha e banha-se na tristeza e melancolia de uma forma deleitosamente libertadora, profundamente pessoal e brutalmente honesta. A cada agudo da sua voz poderosa, unida aos cantos de um coral, Paloma nos deixa imersos em uma jornada musical que mistura uma sensação de vulnerabilidade com uma força inabalável, afinal essa é mesmo a glorificação da tristeza em sua na visão, explorando o amor perdido, o fim, a solidão e chegando até ao autodescobrimento. Um álbum que captura a complexidade das emoções humanas através de si, e preparada para até mesmo dançar na pista.
The Glorification of Sadness também se destaca por sua produção rica em letras e texturas em que Paloma e seus colaboradores sabem fazer, mas sempre com um toque inventivo, combinando um pouco de soul aqui, um pouco do pop britânico ali, um pouco do eletrônico acolá, e até mesmo os interlúdios que soam mais como poesia não conseguem quebrar o fluxo do álbum, a obra exalta uma atmosfera luxuriante e envolvente.
Que Paloma Faith demonstra uma habilidade excepcional para transmitir emoção através de sua música, nós nunca tivemos e nem teremos dúvida, mas The Glorification of Sadness soa poderoso e memorável (um pouco diferente do Infinite Things, lançado em 2020), cantando desde suas vulnerabilidades, angústias e resignação até a celebração da feminilidade, tomando a essência da autoafirmação e do amor próprio. Ela carrega o peso do mundo no peito, ela é um deus em um vestido, e você?