Mês: Agosto

Faixas favoritas: Sue me; Bowling alley; Thirst Trap; Chateau; Sex and the city; Don’t go back to his ass.
Acho essa uma das melhores capas do ano. O álbum chega a ser bem divertido, mas tem momentos que não é pra mim. Achei muito bem escrito, apesar de ter essa pegada clichê pop atual da década tanto na produção quando na interpretação vocal que é previsível, ainda mais porque a Audrey é melhor amiga e colaboradora de longa data da Gracie Abrams.
Algo bem bacana, que vai além do álbum para escutar, é um site com todo o processo de criação com fotos, vídeos e textos que pode ser acessado em archive.audreyhobert.net.

Faixas favoritas: WHORE IDOL; STAR 69; GANG; BITCH.
Que volta incrível! Que álbum bom da p*rra… ou melhor, pelo título é quase, né… E é aquele ditado: Ayesha teve que se ajoelhar pro underground para que Slayyyter e Kim Petras pudessem cavalgar no mainstream.
É extremamente interessante a forma com que Ayesha consegue escrever letras tão hipersexualizadas e soar tão bem, como o caso da primeira faixa, WHORE IDOL, “On the bed, you’ve dreamed about me every night / Now I’m here and I’m begging you for hard cock / Cause I read online you’d kill to turn your idol to a whore” ou em GANG “Will you sit back there and watch? / Will you watch me get creampied by twenty of your closest friends at once?”.
Mas além de toda a safadeza, ela também sabe ser romântica, e termina o registro com versos “All the times you chose the liquor over us and where we were heading / I think that you forget / That I was willing to meet you in the middle / Well, I hope she loves you and she’s nothing like me”.

Comparado ao que Lydia fez nos The Regrettes, existe uma boa diferença. A banda sempre foi coletiva mesmo tendo Lydia como representante principal, com um pé no passado e no espírito do punk de garagem riot grrrl evoluindo até ao sofisticado synthpop. Mas em Parody of Pleasure, a obra é fielmente individualista e contemporânea, traz todas as influências sonoras de toda uma carreira, mas acaba sendo sobre a persona Lydia Night com suas fantasias e seus sentimentos. É um registro que equilibra humor e dor, vulnerabilidade e poder, e ela se diverte com isso.
Lydia abre o disco com sarcasmo. A Pity Party é aquela situação em que todos parecem reunir-se em torno da sua dor, mas não de forma genuína, enquanto ela apresenta monólogo honesto e desconfortável, misturando ironia e confissão, e é de onde vem o título do álbum, dito em um dos versos da faixa.
Dentro do álbum, muitas músicas se conversam, que é o caso de The Hearse e The Bomb, Lydia não parece interessada em narrativas comuns de romance, o amor é uma mistura de adrenalina, drama e espetáculo, e a surpresa é que no fim ela não saiu ilesa, muito menos no controle como ela planejava. E ela termina literalmente dizendo “Adivinha? Arte é uma merda! Mas é a única coisa que me mantém viva”. E é sobre isso, né?
Me impactou tanto que digo desde já: esse é o álbum do ano!

Faixas favoritas: ABSOLUTAMENTE TODAS!
Como pode um trabalho com menos de 9 minutos de duração, Greta Isaac lançar um dos melhores registros do ano???
Dolly Zoom, o segundo EP que ela lança esse ano, é ao mesmo tempo cinematográfico e visceral, e que confirma a artista como uma das compositoras mais criativas de sua geração, mesmo que ela não tenha uma grande audiência. Com apenas quatro faixas, ela constrói um universo com uma personagem principal trazendo uma sonoridade que brinca com a perspectiva, exatamente como a técnica de câmera que dá nome ao trabalho: aproximando e distanciando emoções exageradas dos clássicos e dos teatros em um mesmo movimento.
A força de Dolly Zoom está na narrativa que Greta constrói, misturando melodias dos anos 2000 e tensão calculada. Começamos com o devaneio pop de Soft Scoop Talking Dog, um manifesto de autoafirmação de protagonista absoluta, debochando de quem tenta diminuí-la. Passamos pelo charme exagerado de Movie Star, que é impossível não lembrar da Pearl. Car Crash que explode em intensidade, irresistível, ousada e aventureira, convidando o cara para uma experiência intensa, sabendo que pode ser tanto excitante quanto destrutiva, o clássico arquétipo da mulher perigosa. E Villain que fecha o trabalho com um humor cortante, um sarcasmo afiado da vida real, consciente do próprio poder de causar medo, dor e caos, usando isso como parte do jogo.
Incrivelmente incrível, Greta entrega um EP totalmente diferente do Productive Pain, lançado 5 meses antes, que era mais minimalista, centrado na vulnerabilidade e na exposição emocional.