Apresentando
Fernanda Hofmann
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Goiana criada no Tocantins, Fernanda Hofmann – com um éfe e dois enes – é cantora, compositora e multi-instrumentista (violão, teclado, guitarra e ukulele). Influenciada principalmente por artistas femininas, chamou atenção de Clarice Falcão ao compor e gravar a música Meu Nome Não é Flávia em menos de um dia. Clarice inclusive faz uma pequena aparição na música De Repente, do EP de estreia Baixas Expectativas.

O registro conta com todas as músicas em português, escritas durante a pandemia (2021-2022), e parte de suas músicas descreve sua vivência na cidade de forma sarcástica, incluindo a favorita do público – a divertida e genuína – Patético, e as românticas e sentimentais Douro, influenciada por um sentimento de quando morou em Portugal, e Cesamar, faixa em homenagem ao principal parque palmense.

Foto: Thaylon Reis – divulgação

Para quem está te conhecendo agora ou até mesmo para quem não te conhece tanto ainda, quem é você como pessoa, Fernanda?

Viver é tentar responder essa pergunta, né? Mas Fernanda hoje é uma pessoa que faz seu corre para ser a versão mais honesta de si. Sou uma pessoa entusiasmada por natureza. Amo gente, amo música, amo tentar entender a vida e amo fazer o corre de ir atrás dos meus sonhos. Ao mesmo tempo, tentando ser uma pessoa respeitosa com os outros e comigo. Sou introspectiva e reservada e penso muito antes de tomar uma decisão.


E quem é você como cantora?

Sou uma cantora que se abastece tanto da música, quanto do público. No palco ou no estúdio, tento buscar a coesão entre o que a música me faz sentir e o que eu espero que as pessoas sintam pelo que eu canto. Quase como um instrumento de conversão. Uma coisa meio doida. Gosto de fazer piada, gosto de conversar no palco. A parte mais legal é saber que consigo levar as pessoas para outro lugar.


E como é ser multi-instrumentista?

HA! Importante dizer que eu só me chamam assim por causa do Gabriel [o idealizador desse site Gabcritic.com]. Eu sou muito desprendida quando o assunto é instrumento. Se colocar um na minha mão, eu vou atrás de aprender a fazer o som que eu quero nele. E isso é massa quando eu me vejo como compositora porque se eu enjoo de algum instrumento, aí eu pego outro e volto a compor e o tom é sempre refrescante.

Quais desafios você enfrentou pra iniciar sua carreira?

Vish. Começar a carreira em si é o maior dos desafios. Se sentir preparado para dar uma chance para o sonho. Ir mesmo sem se sentir preparado. Descobrir quem eu sou como profissional, além de musicista e artista. Como mostrar que eu não faço música como hobby, mas sim que levo tudo isso muito a sério.

No seu show de Palmas, Tocantins, você comentou sobre sua madrinha que também se dedicava à música e que vocês eram próximas, mas que além dela sua família não é muito artística, certo? Então além da inspiração da sua madrinha e Taylor Swift, como e quando você percebeu que queria escrever, tocar, cantar, se apresentar e ter seu público?

Minha família é extremamente musical. Eu cresci com música principalmente por causa do meu pai, que compartilha comigo do entusiasmo. Meus primeiros shows da minha vida eu fui com os meus pais. Adorava quando ele me levava para a escola porque a gente ia ouvindo música. Eu comecei a cantar por causa disso, eu acho. Quando vi, já tava cantando. Não lembro de não cantar. Quando eu tava no fundamental, o professor de música percebeu do meu gosto e começou a me chamar para cantar em eventos estudantis. Eu amava. Ficava mega nervosa, mas estar no palco me dava uma alegria gigante. Ali eu já queria ser artista. Fiz aula de teclado depois, por isso comecei a tocar. Mas o compor foi muito orgânico, não veio exatamente do canto. Foi uma forma que eu encontrei de falar sobre coisas que eu não queria conversar, mas queria muito entender.

Capa “Baixas Expectativas” – divulgação

O EP foi lançado só com 5 faixas e você já disse em outras ocasiões que foi difícil escolher e fechar a tracklist porque tinham outras músicas escritas. De todas músicas que você fez pensando para o projeto e que ficaram de fora, qual sua favorita e por quê? E qual sua parte favorita da letra?

O Baixas Expectativas é um compilado de músicas que eu escrevi em momentos diferentes da minha vida, mas que se conversam entre si. Elas falam sobre eu estar crescendo, me apaixonando, quebrando a cara e aprendendo com isso. Eu sabia que essas cinco contavam isso da melhor forma, então não tive muita dificuldade de escolher a tracklist. Mas a única música que fiquei com dó de não colocar no disco foi Raízes. É uma música que eu escrevi sobre não sentir que você está seguindo a sua vida da melhor forma e não saber o que fazer com essa realização. Ela tem algumas letras que voltam para a minha cabeça de vez em quando. Uma delas é: “Se todo mundo me vê como gente, por que não tenho o que oferecer?”.

Ultimamente você tem feito algumas apresentações em Goiânia. Como tem sido sua relação com o público?

A relação com o público é sempre uma de muita diversão. Eu costumo conversar com a plateia e isso faz eu me sentir muito livre. Eu conto minhas histórias, tanto sobre as músicas, quanto sobre minha vida,, e não tem nada que me valida mais do que fazer alguém rir. Nem que seja uma pessoa só, que dá para fazer piada com isso também.

Foto: Thaylon Reis – divulgação

Qual a melhor plateia até hoje, a palmense ou a goianiense?

Plateias muito diferentes! Não me coloque em uma situação complicada hahaha. Goiânia é uma galera nova, pronta para escutar música nova. É bem específico da cena de lá, essa abertura. É sempre uma novidade para o público e eu sou sempre surpreendida. Palmas é casa. Encontro rostos conhecidos e fico surpresa de ver gente que eu não vejo a tanto tempo conhecendo as minhas letras. Mas também fico encabulada de chegar em pessoas que eu não conheço. Ambas experiências me fazem bem.

Foto: Thaylon Reis – divulgação

Fora a panelinha Palmas-Goiânia, Goiânia-Palmas, onde você tem vontade de se apresentar?

Serei muito feliz tocando em São Paulo. Acompanho a cena de lá de longe e me inspiro tanto nos artistas paulistas. Tenho até um lugar que eu ia amar tocar: na Casa Rockambole.


Você já está pensando ou escrevendo o sucessor do Baixas Expectativas? Como tem sido seu processo criativo? Tem sido diferente de quando você escreveu o EP?

Escrevendo e pensando sempre, graças a Deus. Meu processo criativo nunca muda. É me dar tempo e espaço para escrever. Estar em contato com música nova e me forçar a escrever quando recebo uma ideia interessante. Ajuda que quase sempre eu escrevo sobre a minha vida. Claro que ela pode me surpreender, mas o tema do próximo ano já tá meio que estabelecido. Já tenho uma ideia de nome, o conceito e algumas músicas prontas para o próximo projeto. Agora é desenvolver.

O tipo de música que eu nunca quero parar de fazer: interessante o suficiente liricamente para ser de verdade e musicalmente o suficiente para me surpreender.

Fernanda Hofmann

Como é ser uma artista que escreve sobre a própria vida?

São muitas coisas. Traz muita vulnerabilidade para uma parte do trabalho, o que mesmo que me expõe, coisa que eu não curto, também trás pessoas que se identificam com as minhas histórias. Também tem o fato de eu estar contando sobre vivências de uma jovem adulta. Já lidei com gente que tentou descredibilizar meu trabalho porque dizia que as minhas narrativas não eram importantes o suficiente, o que dificultou com que elas levassem meu trabalho a sério. Aprendi bastante com isso, de que minhas letras tratam sobre uma mulher de 21 anos, mas profissionalismo e respeito deve existir independente da idade. E é isso que diferencia alguém que faz isso como hobby de um profissional, e eu decidi que quero ser o segundo.

O que você tem ouvido ultimamente?

Tenho ouvido muito o Stick Season do Noah Kahan e Columbo do Bruno Major. O GUTS da Olivia Rodrigo já faz parte da minha trilha sonora diária. Escutei muito os EP2 da Natalia Lacunza e novo da Clarissa o mês passado. E Lizzy McAlpine, que eu nunca paro de ouvir.

E pra você, qual o melhor lançamento do ano, além do seu EP?

O the record da boygenius, sem sombra de dúvida.

Foto: Thaylon Reis – divulgação

Comecei perguntando sobre quem é você como pessoa, mas agora para encerrar: para você, qual é a música que alguém deve ouvir primeiro e conhecer a Fernanda Hofmann talentosíssima cantora, compositora e multi-instrumentista?

Para me conhecer como artista, acho que Autodidata e Douro são boas. Sinto que elas são o tipo de música que eu nunca quero parar de fazer: interessante o suficiente liricamente para ser de verdade e musicalmente o suficiente para me surpreender.

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Com colaboração de Luane Antunes.

#Alt-Pop #Alternative #Brasileira #Folk
Publicado por Gabriel Borges em 01/11/2023

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