Ano: 2025

Faixas favoritas: Same Mouth; Everything Anything; That Could Be Me; RIP.
Um EP não tão revolucionário, porém extremamente pop contemporâneo e barulhento, muito bem escrito e produzido, mas que também pode soar mais do mesmo pensando nessa leva de artistas pós Olivia Rodrigo e Gracie Abrams que foram fortemente influenciadas pela escrita visceralmente sincera de Taylor Swift.
Há tantas letras que consigo me conectar e sentir o sentimento narrado, tipo quando ela canta em Everything Anything “You were good at justifying lying and overcompensating / Because of you I’m sworn off of men, I’m voluntarily abstaining”, também em RIP “If you’re gonna kill me, do it completely / Finish the job, do your worst / If you can’t just coerce me / It’s what I deserve, hit a nerve / Then you touch me and it’s all I can think about / I’m just here keeping you warm till she comes around”.

FROOT não é só um disco, é uma constelação embalada em papel celofane, um presente divino colhido do galho mais cintilante da música pop no último segundo antes da gravidade vencer. E de verdade, os Diamantes que venceram ao serem presenteados com tamanha obra prima.
Tudo bem que veio ao mundo só em 2015, 10 anos e alguns meses atrás, mas ele não pertence ao calendário, apesar de ter definido uma era, FROOT é um artefato raro que só poderia existir onde espaço etéreo, honestidade, estética e poder criativo se tornam indissociáveis e se alinham como planetas. Marina escreveu todas as faixas sozinha e trabalhou com apenas um produtor, David Kosten, essa foi a receita mágica de fazer do álbum algo totalmente coeso e pessoal, é quase como se estivéssemos lendo o diário da artista, ouvindo ora seus sussurros secos no escuro, ora seus pensamentos maximalistas vibrantes.
Então mais do que um álbum, FROOT faz Marina se vestir de fruta madura, uma forma de se reapropriar do próprio corpo criativo, rompendo com fórmulas do que a industria desejava, esquecendo seu alter-ego e seus arquétipos, voltando para si com a nitidez de quem sobreviveu após a morte de Electra Heart (para sempre em nossos corações).
E mesmo 10 anos depois, a gravidade emocional que sustenta a obra ainda pode ser sentida e respirada. A visão artista da Marina ainda floresce em torno do FROOT, e isso pode ser percebido no Princess of Power (2025).
A nova faixa, uma favorita dos fãs, que não entrou no álbum na época de lançamento encontrou finalmente a luz do dia, I’m Not Hungry Anymore, detalha a relação de Marina com sua carreira musical e fama, uma música sobre abandonar a fome de fama e reconhecimento que a levou a fazer Electra Heart e a maturidade e desenvolvimento pessoal que fez com que ela fizesse o FROOT, e provavelmente o desejo de mudar de nome, abandonando o “and the Diamonds” ao final da era.
Marina tem o dom raro de esculpir suas vulnerabilidades em canções que só poderiam ter sido escritas por ela: inimitável, singular, impossível de replicar. Não existe ninguém como ela e é por isso que as raízes do FROOT ainda estão firmes, fortes, florescendo e ainda dando frutos.

Faixas favoritas: nenhuma, é tudo terrível!
Socorro, Deus, meus ouvidos!!!!!
Me achei guerreiro por ter ouvido todo esse álbum que ouvi com a mente abeta. Logo nos primeiros segundos pensei que ela seria mais uma aspirante a Lana Del Rey e Amy Winehouse com a personalidade genérica de garota triste por trás da estética inspirada nos anos 50/60, mas ela de longe consegue isso. A voz dela é tão estridente e irritante, eu cheguei a sentir um pouco de nojo (sim, essa é a palavra), e tudo só piora com a mistura country, rap e trap numa estética TikTok. É tudo muito ruim, é muito errado.
Para mim, nem hit instantâneo Blue Strips compartilhado até por Lana não escapa, não suporto mais ouvir tal música. Me recuso até a incluir uma nota numérica, não merece tanto.

Faixas favoritas: Hi, Everyone Leave Please; The Arsonist; Chaos; Good Girl / Gone Girl.
Fletcher, eu ainda gosto de você, mesmo com a polêmica de você não ser mais uma mulher lésbica e sim queer, e minha nota aqui não tem nada a ver com isso, mas esse é o seu trabalho mais chato e sem graça.
Os vocais de Fletcher obviamente são bons – e brilham – na verdade é a única coisa que dá vida mesmo ao registro, porque a produção e as letras não são interessantes o suficiente.
Ok, a narrativa desse álbum é honesta, e numa forma de examinar retrospectivamente suas falhas, padrões e erros – comuns a todo ser humano – acaba tornando o álbum algo autodepreciativo. Vira algo do tipo “ai, meu Deus, como eu tô cansada de mim”. Para mim, não soa poético e nem profundo, sem potencial nenhum de atingir alguém além dela mesma.

Faixa favoritas: Dancing on Volcanoes; Utopia; War; The Devil; Ghost of You.
Esse é o primeiro lançamento da Gwenno cantando majoritariamente em língua inglesa desde que se tornou uma artista solo, mas ela não deixou de lado sua raiz galesa e em três faixas a língua córnica toma destaque, inclusive na faixa de abertura do registro. A voz dela é mágica, há uma veludez muito diferente nela, todos os sons ficam encantadores e elegantes numa mistura de chamber pop meio psicodélico, acompanhado de suas composições que descrevem o espaço fascinante entre o real vívido e uma versão subjetiva, algo como o cotidiano palpável e um delírio sonhado.

Faixas favoritas: God, We Tried; Romeo; Cider and Black.
Seriously Love, Go Home é um passeio elegante e dolorosamente sincero nas estradas da vida, do amor, do luto, dos relacionamentos que deram errado e da redenção. Uma mistura de r&b, soul e sutis interferências eletrônicas, Charlotte OC entrega uma sonoridade à lá pop alternativo, mas sem muita novidade, mas o que não é muito necessário, porque ela entrega uma grandiosa honestidade artística ao mostrar seus sentimentos de forma nua, crua e totalmente vulnerável.

Faixas favoritas: Adderall; Lucky October; Switchblade; Sunbeam.
A ELIO sempre me surpreende com cada lançamento, sempre tem algo diferente do trabalho anterior, mas muito da personalidade dela. E este álbum (ou EP?) é algo tão fresco e tão delicioso de ouvir, uma das melhores coisas do ano até agora!




















